Aqui não tem hipocrisia e nem parcialidade. Apenas um espaço para falar sobre "a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes".

domingo, 18 de abril de 2010

O Espelho Rio-São Paulo

Cara de um, focinho do outro

De um lado, um time com o melhor elenco nos últimos anos contra o time que está encantando o Brasil com um futebol bonito, vistoso e objetivo.

Do outro, um time limitadíssimo tecnicamente contra o atual campeão brasileiro.

De um lado, um time com um técnico apático e sem carisma contra um time com um técnico competentíssimo e que sabe lidar com o ego e a empolgação da molecada.

Do outro, um time com um técnico guerreiro, que sabe fazer o time andar em uma única direção contra um estreante, que ainda busca sua auto-afirmação como técnico, apesar de já ter conquistado um campeonato brasileiro.

Esses foram os contrastes do domingo de futebol em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses foram os contrastes da "semi-final com cara de final" do Paulista, que decidiria quem, de São Paulo e Santos, chegaria na decisão e da final da Taça Rio, que poderia sagrar o Botafogo campeão por antecipação contra o Flamengo.

Botafogo no Rio!

O Botafogo teve todos os méritos pela vitória. A raça, a vontade e a determinação que Joel Santana reflete nos times que comanda é impressionante. Contra o Flamengo, que possui, individualmente, um time bem melhor que o do Botafogo, mas que vive uma fase complicada, cheia de crises persistentes (e de todos os tipos) e Andrade, um técnico que vem mostrando não saber lidar muito bem com situações complicadas dentro do time.

Jefferson mostrou grande personalidade no gol, mesma personalidade que Sebástian "El Loco" Abreu teve para bater o pênalti com direito a cavadinha, em plena decisão de título. Do lado rubro-negro, Vagner Love mostra cada vez mais vontade e poder de decisão (diferentemente do Love com as trancinhas verdes, de 2009). Adriano mostra que corre risco de ficar fora da convocação para a Copa do Mundo. Insistentes lesões, crises pessoais, peso excessivo e etc podem estar pondo problemas na cabeça de Dunga.

Prova de Fogo

Problemas esses que vêm aumentando quando se olha um pouco mais ao sul. Dunga deve estar com um gigantesco ponto de interrogação na cabeça: "Levar Neymar ou não levar? Eis a questão."

Bom, o time de Dorival Júnior e dos meninos da vila passou pela primeira prova de fogo. Decisão, mata-mata, um time experiente e vencedor do outro lado. Mas alguns erros capitais fizeram a missão do Peixe um pouco mais fácil.

Quando o maestro não rege a orquestra

A começar pelas más escolhas de Ricardo Gomes. A opção por Dagoberto e Fernandinho no ataque não deu certo. Ficou aquele famoso buraco na área, que só foi preenchido pela entrada de Washington (artilheiro da equipe na temporada) que, aos 15 minutos do segundo tempo, criou a jogada de maior perigo por parte do São Paulo no jogo inteiro.

Se pelo menos a velocidade dos dois atacantes tivesse sido explorada, mas não aconteceu. Os dois foram muito mal na partida, perderam várias bolas, erraram muitos passes e não renderam o esperado.

Outro erro capital: o São Paulo possui, agora, três laterais-esquerdos de ofício: Júnior César, Carleto e Diogo. RG escalou Richarlyson, sem ritmo de jogo, voltando de lesão, improvisado na lateral-esquerda. O volante errou quase todos os passes, todos os cruzamentos.

Enfim, a tentativa de ataque rápido com o antigo problema do meio-campo pesado e lento (Cleber Santana e Jorge Wagner), somado à pouca participação de Hernanes no jogo, contribuiram para que o São Paulo frequentasse a área adversária, mas de passeio, sem levar perigo. E a sabedoria popular diz, "quem não faz, toma".

Que nem gente grande

Graças à Dorival Júnior, um time de garotos jogou como gente grande. Tiveram paciência e malícia para começar a distribuir os cartões amarelos na defesa. Assim que a jogada se desenvolveu, e saiu o primeiro gol (aos 15min do Segundo Tempo), o Santos dominou o jogo e atropelou o São Paulo.

Neymar, mais uma vez, jogando tudo. Robinho, jogando o que sabe. E a defesa, muito sólida com o experiente Edu Dracena e o surpreendente Durval, joga muito bem. E quando ocorre alguma falha, Felipe, em grande fase, chega para salvar.

O Santos ainda precisa passar por mais algumas provas de fogo. O brasileiro está logo ali, e então as coisas começam a complicar, mas a garotada mostrou que sabe jogar direitinho e que os times terão que nivelar por cima para alcançar o Santos no Brasileiro.

Alô, Dunga!

E o lobby pelos meninos da vila na seleção é cada vez maior. Dunga já deu declarações que não haverão surpresas. Bem, aí entra a minha humilde opinião.

Ronaldinho Gaúcho já teve todas as chances que deveria ter. Parece que o povo brasileiro (e a mídia) tem memória fraca não só para política, como para futebol. Ninguém se recorda que o lance mais brilhante de R10 na copa de 2006 foi um pisão na bola e um escorregão dentro da área? Pois é...

Mas Neymar e Ganso estão surgindo muito bem. Talvez seja tarde demais. Talvez eles tenham pedido para serem chamados pra festa do Dunga muito em cima da hora. Mas cabe uma chance. E há uma esperança. Robinho é um dos preferidos do Dunga. Robinho ganhou a Copa América quase sozinho. E Robinho joga com Neymar e Ganso. Robinho gosta muito dos meninos. E, todos sabemos, que o Robinho tem lábia. Apesar da forma desastrosa e confusa com que deixou o Santos, voltou reverenciado e ovacionado pela torcida.

Péssima hora para Kaká e Adriano caírem de produção. Ou é tarde demais?

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