Aqui não tem hipocrisia e nem parcialidade. Apenas um espaço para falar sobre "a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes".

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Holanda, o Real Madrid e a Champions League

Há uns dois ou três anos atrás, o Real Madrid começou a investir pesado em talentos holandeses. O primeiro, o incrível centro avante Ruud van Nistelrooy, rendeu gols e grandes atuações, apesar de ter tido inúmeros problemas de condicionamento físico e lesões, devido à idade já avançada.

Depois dele, em 2007, o Real contratou o lateral/meia/ponta esquerda Royston Drente, grande destaque do Feyenoord e da seleção sub-20 da Holanda e o meia Wesley Sneijder, camisa 10 e destaque do Ajax e da seleção. Contratou também o craque Arjen Robben, que estava jogando no Chelsea e foi, depois, destaque da Euro 2008.

Euro 2008 que fez o Real Madrid crescer os olhos também no meia Rafael Van der Vaart, que teve brilhantes atuações no torneio continental. Fechado o plantel, o Real Madrid tinha praticamente uma colônia holandesa a seu dispor.

Resultado: título do espanhol 2007/2008 indiscutível e absoluto. Oito pontos de vantagem em cima do segundo colocado, o Villareal. Porém, não foi bem na Champions League, eliminado nas oitavas de final pela Roma.

A fórmula, somada às constantes lesões de Van Nistelrooy, Robben, Van der Vaart, não deu certo na temporada 2008/2009. Tanto para a Champions quanto para o espanhol, quando o mundo viu o Barcelona encantar a todos e levar tudo.

Temporada 2009/2010: política galática de Florentino Pérez. Chegaram Benzema, Cristiano Ronaldo, Kaká, Xabi Alonso, Raul Albiol. E o Real dispensou Van Nistelrooy para o Hamburgo, da Alemanha, Sneijder para a Inter de Milão, Robben para o Bayern de Munique.

O Real Madrid até que vai bem no campeonato espanhol (que, na minha opinião, é mais fraco que o Brasileiro, onde sempre dois, no máximo quatro times disputam o título e o resto serve pra tomar sacolada dos grandes), mas fracassou novamente nas oitavas de final da liga para o Lyon. Mesmo Lyon que vendeu Benzema e montou um time mais simples e não tão competitivo. Sem contar a vergonhosa eliminação da Copa da Espanha para o Alcorcón.

Pois bem. Agora vejamos as semi finais que aconteceram nessa semana:

Bayern de Munique x Lyon

Grande atuação do novo camisa 10 do Bayern, Arjen Robben, escurraçado pelo Madrid e rotulado pela imprensa espanhola como "homem de vidro", devido às constantes lesões. Robben, além de ter feito o único gol da partida, foi quem fez o gol da classificação nas oitavas, contra a Fiorentina, e nas quartas, contra o podersoso Manchester United (um golaço, diga-se de passagem).

Inter de Milão x Barcelona

Fora a grande atuação do sistema defensivo e do meio campo da Inter, Wesley Sneijder teve grande atuação e fez o primeiro gol. Sneijder que ainda deu belo lançamento para o gol de Eto'o no jogo de ida das quartas e que garantiu no jogo de volta o resultado com um gol de falta.

Isso tudo sem contar o Hamburgo, que está na semi final da UEFA Europa League.

Isso tudo nos faz pensar:

- O que aconteceria caso Sneijder e Robben tivessem ficado no Madrid, para acrescentar ao grupo galático uma pitada de poder de decisão nas horas difíceis.

- Por que o Real Madrid, que já viu essa política de galáticos não dar muito certo uma vez, a fez de novo?

- Por que ninguém da mídia destaca o grupo da seleção holandesa nessa Copa do Mundo? E se o poder de decisão de Sneijder, Robben e companhia derrubar o favoritismo de seleções como a Espanha, ou o próprio Brasil? Ou já esqueceram o sufoco que a Holanda causou no Brasil em 94 e 98?

- Será que a Inter de Milão, que foi menosprezada por ter tirado resultados magérrimos contra o fraco CSKA Moscou, vai conseguir segurar o ímpeto catalão no Camp Nou? Vai ser um jogão. E eu vou assistir. Ah, e o ponto forte da Inter é justamente o sistema defensivo. Quem viu o jogo, viu como Lúcio e Júlio César estão dando o sangue.

domingo, 18 de abril de 2010

O Espelho Rio-São Paulo

Cara de um, focinho do outro

De um lado, um time com o melhor elenco nos últimos anos contra o time que está encantando o Brasil com um futebol bonito, vistoso e objetivo.

Do outro, um time limitadíssimo tecnicamente contra o atual campeão brasileiro.

De um lado, um time com um técnico apático e sem carisma contra um time com um técnico competentíssimo e que sabe lidar com o ego e a empolgação da molecada.

Do outro, um time com um técnico guerreiro, que sabe fazer o time andar em uma única direção contra um estreante, que ainda busca sua auto-afirmação como técnico, apesar de já ter conquistado um campeonato brasileiro.

Esses foram os contrastes do domingo de futebol em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses foram os contrastes da "semi-final com cara de final" do Paulista, que decidiria quem, de São Paulo e Santos, chegaria na decisão e da final da Taça Rio, que poderia sagrar o Botafogo campeão por antecipação contra o Flamengo.

Botafogo no Rio!

O Botafogo teve todos os méritos pela vitória. A raça, a vontade e a determinação que Joel Santana reflete nos times que comanda é impressionante. Contra o Flamengo, que possui, individualmente, um time bem melhor que o do Botafogo, mas que vive uma fase complicada, cheia de crises persistentes (e de todos os tipos) e Andrade, um técnico que vem mostrando não saber lidar muito bem com situações complicadas dentro do time.

Jefferson mostrou grande personalidade no gol, mesma personalidade que Sebástian "El Loco" Abreu teve para bater o pênalti com direito a cavadinha, em plena decisão de título. Do lado rubro-negro, Vagner Love mostra cada vez mais vontade e poder de decisão (diferentemente do Love com as trancinhas verdes, de 2009). Adriano mostra que corre risco de ficar fora da convocação para a Copa do Mundo. Insistentes lesões, crises pessoais, peso excessivo e etc podem estar pondo problemas na cabeça de Dunga.

Prova de Fogo

Problemas esses que vêm aumentando quando se olha um pouco mais ao sul. Dunga deve estar com um gigantesco ponto de interrogação na cabeça: "Levar Neymar ou não levar? Eis a questão."

Bom, o time de Dorival Júnior e dos meninos da vila passou pela primeira prova de fogo. Decisão, mata-mata, um time experiente e vencedor do outro lado. Mas alguns erros capitais fizeram a missão do Peixe um pouco mais fácil.

Quando o maestro não rege a orquestra

A começar pelas más escolhas de Ricardo Gomes. A opção por Dagoberto e Fernandinho no ataque não deu certo. Ficou aquele famoso buraco na área, que só foi preenchido pela entrada de Washington (artilheiro da equipe na temporada) que, aos 15 minutos do segundo tempo, criou a jogada de maior perigo por parte do São Paulo no jogo inteiro.

Se pelo menos a velocidade dos dois atacantes tivesse sido explorada, mas não aconteceu. Os dois foram muito mal na partida, perderam várias bolas, erraram muitos passes e não renderam o esperado.

Outro erro capital: o São Paulo possui, agora, três laterais-esquerdos de ofício: Júnior César, Carleto e Diogo. RG escalou Richarlyson, sem ritmo de jogo, voltando de lesão, improvisado na lateral-esquerda. O volante errou quase todos os passes, todos os cruzamentos.

Enfim, a tentativa de ataque rápido com o antigo problema do meio-campo pesado e lento (Cleber Santana e Jorge Wagner), somado à pouca participação de Hernanes no jogo, contribuiram para que o São Paulo frequentasse a área adversária, mas de passeio, sem levar perigo. E a sabedoria popular diz, "quem não faz, toma".

Que nem gente grande

Graças à Dorival Júnior, um time de garotos jogou como gente grande. Tiveram paciência e malícia para começar a distribuir os cartões amarelos na defesa. Assim que a jogada se desenvolveu, e saiu o primeiro gol (aos 15min do Segundo Tempo), o Santos dominou o jogo e atropelou o São Paulo.

Neymar, mais uma vez, jogando tudo. Robinho, jogando o que sabe. E a defesa, muito sólida com o experiente Edu Dracena e o surpreendente Durval, joga muito bem. E quando ocorre alguma falha, Felipe, em grande fase, chega para salvar.

O Santos ainda precisa passar por mais algumas provas de fogo. O brasileiro está logo ali, e então as coisas começam a complicar, mas a garotada mostrou que sabe jogar direitinho e que os times terão que nivelar por cima para alcançar o Santos no Brasileiro.

Alô, Dunga!

E o lobby pelos meninos da vila na seleção é cada vez maior. Dunga já deu declarações que não haverão surpresas. Bem, aí entra a minha humilde opinião.

Ronaldinho Gaúcho já teve todas as chances que deveria ter. Parece que o povo brasileiro (e a mídia) tem memória fraca não só para política, como para futebol. Ninguém se recorda que o lance mais brilhante de R10 na copa de 2006 foi um pisão na bola e um escorregão dentro da área? Pois é...

Mas Neymar e Ganso estão surgindo muito bem. Talvez seja tarde demais. Talvez eles tenham pedido para serem chamados pra festa do Dunga muito em cima da hora. Mas cabe uma chance. E há uma esperança. Robinho é um dos preferidos do Dunga. Robinho ganhou a Copa América quase sozinho. E Robinho joga com Neymar e Ganso. Robinho gosta muito dos meninos. E, todos sabemos, que o Robinho tem lábia. Apesar da forma desastrosa e confusa com que deixou o Santos, voltou reverenciado e ovacionado pela torcida.

Péssima hora para Kaká e Adriano caírem de produção. Ou é tarde demais?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Política e Esporte: Combinação Perigosa

Na minha opinião, o incrível número de polêmicas incessantes nos últimos dias só serviu para levantar um debate e uma questão há muito discutida: o papel dos cartolas e da política no mundo do futebol.

Começando com a questão do Morumbi na copa de 2014. O vai e vem de opiniões, notas oficias, aprovações e reprovações de projetos estão deixando o público cansado.

Após ser informado que o Morumbi teria condições de receber apenas jogos da primeira fase e no máximo das Oitavas de final, o São Paulo juntamente com a Prefeitura resolveram aprimorar o projeto para poder receber até jogos da semi-final e, consequentemente, a abertura. Eis que surge uma notícia bombástica no Estado de São Paulo garantindo que o Morumbi havia sido vetado e que estaria em produção uma nova arena na cidade. A partir desse ponto, já se iniciaram os boatos referente à construção do estádio do Corinthians, de uma arena multiuso em Pirituba e até da demolição do PlayCenter (grande parque de diversões à beira da Marginal Tietê).

Bom, além dos gritos desesperados das criancinhas e adolescentes que gostam do Playcenter e dos donos do lugar, que não souberam explicar até agora de onde veio esse boato, surgiu a esperança latente da torcida corintiana em ter um estádio. E os jornais imbecis, parciais e desinformados da mídia impressa e da televisa trataram de explorar isso. Boa estratégia. Alta vertiginosa nas vendas.

O que existe de oficial, portanto, o que DEVERIA ser veiculado, é que o projeto atual está OK e que a FIFA ressalta que devem ser feitas mais mudanças, caso o estádio queira receber jogos das semi finais. Outra informação oficial é do comitê paulista para a copa de 2014 que disse que não existe plano B para a cidade, como afirmou Caio Carvalho (coordenador do comitê) em seu twitter:

"Se não for no Morumbi (uma das sedes da Copa), não será em São Paulo. As sugestões dadas ao SPFC serão atendidas."

Ponto final número um.

Agora, a bendita taça das bolinhas.

Eu não vou explicar o caso, acho que a pessoa que o fez da forma mais competente e compreensível foi o Gustavo Poli, blogueiro, jornalista e autor do ótimo "Almanaque do Futebol SporTV". Se quiser conferir a reportagem, clique aqui.

Quem organiza os campeonatos no Brasil é a CBF. A CBF se recusou a organizar o Brasileirão em 1987. O Clube dos 13 organizou a Copa União. A CBF se arrependeu e incluiu mais times no que seria o Brasileirão de 1987. Módulo Verde eram os times do clube dos 13 mais convidados (os melhores times do Brasil na época) e o Módulo Amarelo eram os times que a CBF incluiu. Flamengo e Inter ganharam o verde e Sport e Guarani ganharam o amarelo. Teria que haver o cruzamento, porém o clube dos 13 combinou de não fazer o cruzamento entre os módulos, a CBF decretou que Flamengo e Inter perderiam por W.O. e o Sport venceu o Guarani e foi sagrado campeão. UFA.

Enfim, é uma história extremamente complexa, que envolve diversos lados, diversas variáveis, diversas assinaturas, e esbarra numa questão simples: o Flamengo alega que é o campeão porque jogou com os melhores times. Então, se Sport e Guarani eram tão fracos assim, por que não enfrentá-los? Bom, questões políticas complexas à parte, a taça foi concedida ao São Paulo, já que ela ficaria em definitivo com quem conquistasse primeiro três títulos consecutivos ou cinco alternados.

Eis que surge Patrícia Amorim, presidente do Flamengo, atribuindo esse anúncio a uma questão política, já que o Flamengo apoiou Fábio Koff na eleição e o concorrente dele era Kléber Leite, apoiado por Ricardo Teixeira (presidente da CBF) e Márcio Braga, antecessor de Patrícia.

Aí surge outra questão: o São Paulo TAMBÉM apoiou Fábio Koff. Os teóricos conspiratórios de plantão poderiam dizer que, se confirmada, a questão do Morumbi sair dos planos na copa de 2014 também pode ser interpretada como retaliação.

Enfim, percebeu como esse texto ficou pesado, chato, massante e confuso? Isso que dá comentar política em um blog sobre Futebol. Essas questões e discussões só deixam o espetáculo mais feio, o "tapetão" é a forma mais pobre de se conquistar algo, e Graças aos Deuses do Futebol, o futebol brasileiro se blindou a essas "aventuras" nas disputas nacionais há uns 10 anos. Espero que daqui a 20 anos não tenham discussões vazias, chatas e massantes como a da taça das bolinhas ou do Morumbi em 2014.